O Japão é um país que fascina qualquer um, principalmente pela sua distância, quer geográfica, quer cultural. É daqueles países que estava no meu imaginário, e no topo da minha lista de locais a visitar há algum tempo. Este ano chegou a oportunidade de conhecer a Terra do Sol Nascente.
Decidimos ficar 3 semanas no Japão devido à sua distância geográfica e diversidade cultural. Depois de muitas pesquisas encontrámos um voo relativamente barato de Lisboa para Seul (Incheon) pela Korean Airlines com escala em Amsterdão.
A ideia de ir até Seoul pareceu-nos a desculpa perfeita para encaixar uma visita à Coreia também!
Ficámos 2 dias em Seoul, na ida e na volta. Seoul é a capital e a maior cidade da Coreia do Sul. É uma cidade surpreendente! Entre as suas muitas atrações, destacam-se palácios, templos, santuários, belos parques públicos, design de ponta e centros comerciais gigantes.
Visitámos:
- Gyeongbokgung Palace
- Bukchon – a vila antiga
- Changdeokung Palace
- Myeondong
- Insadong
- Bairro de Gangnam
- Bairro de Hongdik
- Mercado Namdaeman
Seoul é também conhecida por ser um paraíso para a compra de cosméticos, adquiridos por baixos preços, com produtos de excelentíssima qualidade que em outros lugares do mundo seriam pagos a preço de ouro.
Dica: O cartão T-money é usado para pagar os transportes públicos (autocarros e metro). Compra-se e carrega-se nas lojas de conveniência, como o 7 Eleven ou no CU. Pode ser comprado com cartão bancário, mas os carregamentos só podem ser feitos com dinheiro. Atenção: não se vende nas bilheteiras do metro, tem mesmo de ser nas lojas de conveniência.
Depois de Seoul viajamos para Tokyo numa low-cost japonesa. Seguimos para o Japão numa viagem de 14 dias, com um roteiro ambicioso que nos permitiu conhecer uma parte do país, no entanto, muitos destinos ficaram de fora, pois o país é imenso e tem opções de itinerário quase infinitas.
Tivemos que fazer escolhas difíceis porque o tempo é limitado e com muita pena nossa, eliminámos Nikko, Monte Koya e Kanazawa do nosso itinerário. Gostaríamos também de ter pernoitado num Ryokan mas não houve tempo.
O nosso roteiro de viagem foi este:
Dia 1: Chegada a Seoul
Dia 2: Seoul
Dia 3: Seoul
Dia 4: Voo para Tokyo
Dia 5: Tokyo (Asakusa, Harajuku, Shibuya)
Dia 6: Tokyo (Tokyo Station, Palácio Imperial, Ginza, Tokyo Tower, Shinjuku)
Dia 7: Daytrip a Kamakura
Dia 8: Daytrip ao Monte Fuji
Dia 9: Kyoto (Kinkakuji Temple, Fushimi Inari)
Dia 10: Kyoto (Kiyomizu-Dera, Ninenzaka, Sannenzaka, Hokanji, YasakaShrine, Gion, Nishiki Market, Pontocho Street)
Dia 11: Daytrip a Nara
Dia 12: Kyoto (Arashiyama) e Ashiya
Dia 13: Ashiya, Himeji e Hiroshima
Dia 14: Hiroshima
Dia 15: Ilha de Miyajima
Dia 16: Osaka
Dia 17: Osaka e Viagem para Seoul
Dia 18: Seoul
Dia 19: Viagem de regresso
1 - Tokyo
Começamos o nosso roteiro em Tokyo, a capital do Japão. Tokyo é uma cidade gigantesca, com milhares de pessoas a cruzar ruas, a viajar de comboio e metro, a trabalhar, a comer ou a fazer compras. É uma cidade que não nos deixa parar.
Escolher o melhor lugar para se hospedar em Tokyo é algo que depende do estilo de viagem e do orçamento. Para mim, o fator mais relevante na escolha é o preço e a proximidade aos transportes. Por isso, depois de uma pesquisa exaustiva escolhemos o bairro de Ueno, que recomendo pela sua localização e tranquilidade.
Ficámos 5 dias na cidade. O 1º dia em Tokyo serve praticamente para entender como nos locomovemos na cidade e para nos situarmos. Aproveitamos o 1º dia também para comprar cartão SIM e o cartão SUICA, que é um método muito prático para pagar os transportes. pois funciona em todos os comboios, metro e autocarros, nas várias cidades do Japão.
Tokyo é uma cidade imensa e as melhores atrações são os bairros e as ruas, por isso o melhor é vaguear pelas ruas.
- Harajuku, bairro onde visitámos o Templo Meiji e a Takeshita Street - uma rua alternativa com cultura pop japonesa.
- Asakusa, o é bairro mais tradicional de Tokyo, com o templo Senso-ji, rickshaws e diversas lojinhas
- Shibuya, é um dos bairros mais famosos e movimentados de Tokyo. É um bairro com imenso comércio, edifícios com ecrãs gigantes e com publicidade e música frenética. Aqui localiza-se o maior cruzamento do mundo - o Shibuya Crossing, onde atravessam 3000 pessoas a cada vez que o semáforo abre. Aproveitámos para ir ao Starbucks café, de frente para o cruzamento e assistamos ao cruzamento mais louco do mundo!! A vista é privilegiada.
- Shinjuku, é um bairro também bastante movimentado e para ir à noite. Aqui jantámos yakitoris (pequenas espetadas de carne grelhadas na hora, tradicionalmente em fogareiros a carvão) no Piss Alley ou Omoide Yokocho que é uma rua pequena recheada de minúsculos restaurantes com um ambiente tradicional, mas que aparenta ser meio underground, uma espécie de submundo alternativo;
De seguida fomos ver o Golden-gai que é o exemplo de como uma zona decadente se torna de repente trendy, com os seus pequenos bares, nalguns dos quais cabe menos de meia-dúzia de pessoas.
- Ueno, o bairro onde ficámos alojada. Aqui existe um mercado de rua - Ameyayokocho que tem de tudo, peixe fresco, frutos do mar seco, frutas descascadas em espetos, roupas, bolsas, tudo...
- Akihabara, também conhecido como o Electric Town. Aqui encontramos prédios inteiros dedicados a anime, manga, cosplay e salões de video-jogos.
- Chiyoda, bairro onde existem muitas instituições governamentais, como a Assembleia, a residência do Primeiro Ministro, a Estação de Tokyo e o Palácio Imperial cujo acesso está interdito.
- Ginza, a zona mais elitista e cara da cidade, com avenidas amplas e lojas de marcas de luxo. É a região de Tokyo mais cosmopolita.
2 - Kamakura
Kamakura fica a 48kms de Tokyo e optamos por ir de comboio. Chegámos lá sem dificuldade e passámos o dia a visitar os templos da cidade.
Kamakura foi a capital feudal do Japão de 1185 a 1333 e isso reflete-se na quantidade de templos que existem na cidade.
Chegadas a Kamakura iniciámos a nossa visita no Tsurugaoka Shrine, um santuário em homenagem a Hachiman, o Deus da Família. É um dos templos mais importantes de Kamakura, que foi construído em 1063.
De seguida, visitámos o Kenchoji-zen Temple que é constituído por vários pavilhões e salas de meditação.
Depois do almoço, afastamo-nos um pouco do centro da cidade e fomos visitar o Great Buddha Temple, um dos templos mais visitados. O buda de Kamakura é um sobrevivente do templo Kotoku-in, que foi destruído por um tsnumani no século XV. O templo não foi reconstruído, mas o buda continua onde estava, sobre uma enorme plataforma de pedra. A figura é impressionante, com os seus 11 metros de altura (somente o de Nara é maior que este).
A cerca de 500m fica o templo Hasedera um templo muito bonito, com jardins muito cuidados e cheios de estátuas de budas em miniatura. No templo existe também um bonito terraço com vista da cidade e do mar.
Um pouco mais abaixo fomos ver o praia de Yuigahama, a praia mais popular da cidade. De seguida, voltámos para o centro da cidade e visitámos a rua Komachi e as suas lojinhas de recuerdos.
3 - Monte Fuji
É a montanha mais alta do Japão (3.776 metros) e um dos principais símbolos do país. Para os japoneses, o Fuji san (como lhe chamam) não é apenas um monte, é um local sagrado. No entanto, para vê-lo, o dia tem que estar aberto, e mesmo assim é preciso ter paciência, pois muitas vezes fica encoberto pelas nuvens várias vezes durante o dia. A esperança era estar um dia solarengo para poder contemplá-lo mas não tivemos essa sorte.
Fomos de autocarro de Tokyo para Kawaguchiko. Uma vez lá, para chegar aos sítios visitáveis tivemos que apanhar alguns comboios cujas carruagens são verdadeiras obras de arte.
Durante a nossa passagem pelo Fuji, nunca conseguimos contemplá-lo, pois esteve todo o dia chuvoso e nebulado e o seu perfeito formato cónico esteve sempre envolto num manto de nuvens. Ficámos um pouco desanimadas, mas não querendo desistir, esperámos e esperámos mas nem um pequeno vislumbre do monte tivemos.
No entanto, valeu pela experiência!
4 - Kyoto
Kyoto foi capital do Japão e a residência do imperador de 794 a 1868. Durante este tempo, acumulou uma coleção enorme de palácios, templos e santuários, construídos para os imperadores, gueixas e monges. Como não foi bombardeada na segunda guerra, ela ainda possui a arquitetura antiga.
A cidade tem o cenário que esperamos encontrar no Japão. Um Japão mais tradicional com as Gueixas, casas de madeira de arquitetura tradicional, e muitos templos. É sem dúvida uma cidade charmosa, que encanta! Nós ficamos 4 dias em Kyoto e, seguramente, não vimos tudo o que gostaríamos.
Templos que visitamos:
- Templo Fushimi Inari - é um dos principais santuários Xintoístas de todo o Japão. Ainda assim, é mais famoso pelos seus 30 mil portais vermelhos (Toris) para trazer prosperidade aos negócios
- Kinkaku-ji Temple, o templo do pavilhão dourado. O edifício está coberto por uma folha de ouro puro.
- Kiyomizu-dera Temple - a sua arquitetura é famosa pelos seus grandes pilares de madeira, que seguram a varanda e impressiona saber que os pilares não têm nenhum prego. Este templo é fascinante.
- Yasaka Shrine - é um santuário localizado no Maruyama Park, e é um local de culto onde as pessoas pedem os seus desejos, tocando os sinos do santuário,
- Gion Corner - é um distrito tradicional localizado no coração da cidade, com edifícios de madeira e ruas pedonais. O bairro tem muitas lojas, casas de chá e restaurantes discretos, frequentadas por gueixas e maiko (aprendiz de gueixa). Aqui aproveitámos para entrar numa casa de chá e de saborear um chá japonês tradicional.
- Arashiyama - distrito um pouco afastado do centro da cidade onde visitámos o Templo Tenryu-ji, a famosa Floresta de Bambu, Templo Otagi Nenbutsu-ji e o Templo Adashino que tem uma floresta de bambu mais pequena mas com muito menos pessoas.
- Nishiki Market - mercado repleto de produtos com aspeto delicioso
- Pontcho Street - considerada a rua mais bonita de Kyoto, Pontcho é uma ruela estreita, próxima do bairro Gion, com muito carisma e uma atmosfera misteriosa. Existem inúmeros restaurantes e bares e por isso aproveitámos para jantar.
5 - Nara
Dia dedicado a visitar Nara, que fica a 45 minutos de viagem de comboio a partir de Kyoto e vale a pena visitar.
Nara foi a primeira capital do Japão, que deixou ali de herança os maiores e mais antigos templos. Os templos são maravilhosos e situam-se no parque de Nara onde para além dos templos existem imensos veados à solta pelo parque sempre atentos aos turistas, na expectativa de lhes calhar um biscoito (há-os à venda, criados especificamente para este efeito).
Visitámos vários templos:
- Todaiji Temple - é o maior edifício construído em madeira do mundo e tem também o maior Buddha em bronze
- Nigatsu-do Hall - um pequeno templo que possui uma varanda com uma vista imperdível sobre Nara
- Kasuga Taisha Shrine - constituído por centenas de lanternas de pedra
6 - Himeji
A caminho de Hiroshima fizemos uma breve paragem em Himeji. Nesta cidade, fomos ver o Castelo de Himeji, pois é considerado o mais bonito e o maior do país. O castelo é o único atrativo da cidade, por isso decidimos que não valia a pena dormir na cidade.
O castelo é realmente bonito pois a sua cor branca, com vários andares e telhados pretos sobrepostos uns nos outros torna-o verdadeiramente belo!
Após a visita e um almoço retemperador, apanhámos novamente o comboio-bala para Hiroshima.
7 - Hiroshima
Ficámos 2 dias na cidade. Incluir ou não Hiroshima no itinerário dependia do tempo mas desde o inicio fizemos questão de a incluir e ainda bem que o fizemos. É uma cidade moderna que transformou o seu passado triste em atrações para consciencializar as pessoas sobre os perigos da guerra. Pelo contrário, a cidade seguiu frente e tem um vibe muito boa.
No 1º dia, de manhã cedo, visitamos o Museu da Paz de Hiroshima, que retrata o lançamento da primeira bomba atómica. É uma experiência dura e emotiva, que recomendo a todos, pois foi uma das experiências mais comoventes de toda a viagem. Ver presencialmente os efeitos da devastação da bomba atómica e ouvir alguns testemunhos em vídeo de alguns sobreviventes, é muito emocionante. De seguida visitámos o Memorial da Paz e caminhamos pela cidade. O destaque é o Atomic Bomb Dome, a única estrutura sobrevivente da época e tornou-se um dos cartões-postais da cidade.
Viitámos também o Castelo de Hiroshima, tal qual como os vários outros edifícios da cidade, foi destruído na guerra e a construção atual é uma réplica.
No 2º dia visitámos a Ilha de Miyajimi, que fica perto de Hiroshima e é conhecida pelo seu torii gigante no meio do mar e pelo templo flutuante.
Visitámos o templo Myajima Itsukushima, o templo que deu nome à ilha e que está construído sobre as águas da baía de Hiroshima.
Visitámos também o Templo Daisho-in que fica no topo de um monte e que é super bonito.
A ilha é linda, com uma paisagem verdejante e também tem veados à solta pela ilha.
De regresso a Hiroshima, pegámos na bagagem e apanhámos novamente o Shinkansen rumo a Osaka – último destino da viagem
8 - Osaka
É uma das maiores e mais agitadas cidades do Japão. Ficámos aqui 2 dias e ficámos alojadas em Umeda, que fica perto da estação de Osaka, o que nos permitiu entrar e sair da cidade facilmente.
Visitámos:
- Castelo de Osaka
- Namba Yasaka Shrine - templo com uma arquitetura curiosa em forma de dragão.
- Dotonbori - bairro famoso por suas luzes néon, lojas, restaurantes e entretenimento. É um verdadeiro marco da cidade e tornou-se num dos cartões postais mais famosos de Osaka.
- Templo Shitennoji - templo reconhecido como o mais antigo templo budista do Japão. Foi fundado em 593 pelo príncipe Shotoku, que promoveu a introdução do budismo no país.
- Umeda Sky Building - arranha-céus com uma arquitetura surreal.
O Japão tem muito para oferecer! É um país que conjuga cerimónias ancestrais e a calma dos santuários com a agitação e a modernidade das grandes cidades.
Cada cidade tem uma personalidade única, oferecendo desde templos antigos e jardins zen até a agitação dos mercados de rua e a culinária local deliciosa.
As palavras de ordem no Japão são: organização e educação! Tudo por lá funciona absurdamente perfeito! É cheio de rituais e regras. Existem informações por todo lado, as ruas são super limpas, e existem sanitas super equipados por todo lado, com o assento quentinho e um controle com mil botões.
É um país extremamente seguro. Vimos crianças pequenas da escola primaria a voltar da escola, sozinhas de metrô.
Os japoneses são educados, mas não são os mais simpáticos da Ásia, são um pouco fechados mas por vezes conseguimos roubar um sorriso deles.
Dicas:
- Entre cidades viajámos de comboio-bala, porque este meio de transporte nos podia levar, de uma forma veloz, pontual e económica a todos os locais que queríamos visitar no país. Não comprámos o JR pass porque não nos compensava. Quando viajámos de comboio-bala compramos unreserved seats que são bilhetes um pouco mais baratos e que não têm lugar marcado nem horário, ou seja, podemos entrar no comboio que nos dá mais jeito!
- As lojas de conveniência como o 7Eleven, Lawson´s ou o Family Mart encontram-se por todo o lado no Japão e são ótimos locais para tomar uma refeição económica. Há sempre comida pronta, dá para a aquecer e muitas delas têm mesas e cadeiras para comer.
- Só conseguimos levantar dinheiro nos ATM's do 7Eleven. Foi o único sítio onde davam os nossos cartões Revolut.
- Os japoneses falam pouco inglês. Ás vezes é difícil comunicar nos restaurantes por isso aconselho a escolher restaurantes que têm fotos dos pratos no menu, pois ajuda a escolher o prato e depois basta apontar para o que se quer comer.
- Ficámos várias vezes alojadas no APA Hotel que é uma cadeia de hotéis com ótima relação preço/qualidade e habitualmente estão muito bem localizados nas cidades.