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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ROAD TRIP PELA CROÁCIA

Quem me conhece sabe que não sou adepta de viagens organizadas por agências e prefiro ser eu mesma a planeá-las. E estas férias na Croácia (que incluiram uma escapadela até a Bósnia e Montenegro) não foram excepção.
O meio de transporte escolhido foi o carro que alugámos logo no aeroporto em Zagreb o que nos permitiu percorrer o país com o máximo de liberdade.
A condução revelou-se muito fácil, pois as estradas são todas boas com bastante sinalização.
O itinerário foi:

1º dia: Lisboa/Zagreb
2º dia: Zagreb/Plitvice/Zadar
3º dia: Zadar/Krka Parque/Trogir/Split
4º dia: Split/Ilha de Brac
5º dia: Split/Makarska
6º dia: Makarska/Mostar/Dubrovnik
7º dia: Dubrovnik
8º dia: Dubrovnik/Kotor
9º dia: Kotor/Dubrovnik
10º dia: Dubrovnik/Lisboa

Zagreb: O tempo despendido na capital foi pouco e não deu para visitar muito da cidade, mas fomos conhecer à noite o centro a pé.
No dia seguinte de manhã, saímos de Zagreb em direcção ao Parque dos Lagos de Plitvice que são quase 150km. A viagem decorreu sem problemas.

Plitvice: Visitar este local por si só já é motivo suficiente para viajar à Croácia, pois não há dúvida de que Plitvice é um dos lugares mais surpreendentes deste país.
Explorar o parque demora cerca de 6h se se fizer todo o percurso a pé. Mas existem vários trilhos e dá para optar pelo melhor trilho para o tempo que queremos. Também dá para optar por fazer alguns trajectos de barco ou de autocarro. Apesar da grande extensão dos caminhos e da inclinação do terreno nalguns pontos, é um passeio fácil e não demasiado cansativo, acessível a toda a gente.
Nós fizemos o percurso a pé que demorou cerca de 3h e no final apanhámos o barco para a saída.
Fizemos o percurso em volta dos lagos inferiores, que deu para ver grande parte da beleza do parque pois são sequências de cascatas e lagos circulares, ao longo de vales escarpados e verdejantes, zonas de bosque com árvores altíssimas, adornado por passadiços de madeira. Saltam à vista os indescritíveis tons de azul das águas cristalinas que correm calmamente. São cenários de beleza natural sucedendo-se um após o outro. Ao longo do caminho, vamos parando para contemplar a paisagem, as fotografias são inevitáveis pois queremos capturar todo aquele cenário idílico, ou então simplesmente parar e apreciar a paisagem em silêncio. Plitvice é assim! Tudo parece perfeito. Deixa-nos sem palavras…

Plitvice

Zadar: Cidade pequena e simpática. Escolhemos passar por Zadar por ser um ponto estratégico no caminho em direção à costa. É também a cidade onde podemos ver um órgão gigante tocado pelas ondas do mar. Chama-se órgão marítimo ou Sea Organ e foi projectado como uma das estratégias para recuperar a costa de Zadar dos estragos da Segunda Guerra Mundial e assim atrair mais turistas.
Trata-se de um instrumento musical experimental feito com degraus de mármore branco e um conjunto de tubos que fica abaixo da água. Assim quando as ondas do mar e o vento batem nos degraus e nas cavidades formam sons harmónicos. Interessante! 
Zadar - Órgão do Mar (4).JPG

Krka Parque: De Zadar partimos para o Parque Nacional Krka, que demorou cerca de uma hora de viagem. Mais um lindo parque nacional com cascatas sucessivas a descer por dois rios de águas azuis transparentes, no meio de muita vegetação luxuriante. Percorremos o parque pelos seus passadiços e pontes de madeira. Ao contrário do que acontece no Parque Nacional de Plitvice, onde não é permitido nadar nos lagos, aqui pode-se mergulhar nas piscinas naturais, formadas pelo rio Krka. 



Trogir: Chegámos a esta cidade de noite e apenas por uma breve passagem para jantar, mas que valeu pela descoberta, pois é uma cidade pouco divulgada como destino turístico, no entanto, o seu centro histórico foi classificado pela Unesco como Património da Humanidade. Esta cidade fica numa ilhota e é circunscrita por muralhas. O seu centro medieval é pequeno e labiríntico com ruas estreitas mas cheio de vida. Revelou-se uma pequena cidade de encantos. Há vários restaurantes, nós optamos por um junto ao porto, cujos preços são acessíveis. A comida é tipicamente mediterrânica, à base de saladas e massas. 

Split: É a 2ª maior cidade da Croácia, cujo centro histórico também foi classificado Património da Humanidade pela UNESCO. A entrada na cidade faz-se pelas portas das muralhas. As suas ruas medievais são tão estreitas que não cabem carros e desembocam em praças amplas com vestígios romanos como catedrais que outrora foram templos e palácios. Fora da muralha existem passeios marítimos e barcos que partem para as diversas ilhas do mar Adriático. 

Ilha de Brac: Partimos do porto de Split num ferryboat com o carro, com destino à ilha de Brac. Brac é uma das 47 ilhas habitadas da Croácia e a 3ª maior das ilhas do Adriático. No entanto, esta ilha deve a sua popularidade à praia com formato em V e que muda ligeiramente consoante as marés- Zlatni Rat. Esta praia de formato triangular, é rodeada pelo fantástico azul do Adriático e com areia muito clara. É tão bonita quanto as fotografias a retratam. A praia é um verdadeiro paraíso com águas cristalinas, limpas e uma temperatura morna. Aí passamos o resto do dia a relaxar, tomar banho e a fotografar. 

Riviera Makarska: Saímos de Split em direcção a Dubrovnik sempre pela costa onde a certa altura reparámos que estávamos entre o Adriático e uma imponente montanha que se chama Biokovo. Ao longo de toda a costa fomos encontrando várias praias e baías e do outro lado montanhas e zonas de pinhais verdejantes, constituindo assim paisagens deslumbrantes. 
Uma das vantagens de não optar pelas viagens organizadas por agências é a liberdade de escolher o percurso que se prefere e outro é poder parar onde se quer ou quando de repente nos deparamos com um sitio lindo e alteramos assim o percurso a nosso belo prazer. E assim foi. Sempre que avistámos uma praia paradisíaca (e que são bastantes) paramos para dar um belo mergulho nas águas mornas e límpidas.

Chegámos à cidade de Makarska onde apenas pernoitámos. O plano seguinte é chegar a Dubrovnik mas há um pequeno pormenor: é preciso passar pela Bósnia-Herzegovina.

Mostar (Bósnia-Herzegovina): No posto alfandegário da Bósnia é necessário parar para mostrar os passaportes e os documentos do carro, mas tudo com tranquilidade. E com isto, ganhámos um carimbo no passaporte, e entrámos na Bósnia-Herzegovina. Já que temos que entrar no país porque não explorá-lo um pouco mais?! E assim decidimos ir até Mostar, a cidade mais perto da fronteira. 
As estradas da Bósnia eram uma incógnita para nós. Estávamos até um pouco apreensivas, mas as estradas são tão boas quanto as croatas.
Chegámos tranquilamente a Mostar, antiga cidade turca, conhecida pela sua ponte de pedra - Ponte Velha, antigo símbolo da união entre cristãos e muçulmanos e que foi destruída em 1993 por fortes bombardeamentos durante a guerra da Bósnia. Esta foi reconstruida à imagem da antiga e declarada Património da Humanidade.

Revelou-se uma povoação muito bonita, cheia de influências otomanas, diferente da maioria das cidades europeias. Aqui atravessámos a Ponte Velha e percorremos o Bazar, na rua principal que conduz à Ponte Velha. As marcas de guerra são ainda visíveis nalguns edificios, fazendo nos lembrar da fraqueza dos Homens.
Voltámos à estrada para regressar ao nosso destino inicial - Dubrovnik, no entanto, aconteceu-nos um imprevisto pois metemo-nos por uma estrada secundária que se revelou estreita e sinuosa, em mau estado onde não se via vivalma, por entre aldeias abandonadas e bombardeadas. Viemos a saber mais tarde que essa zona possui muitas minas terrestres ainda não identificadas!!!
Chegámos sã e salvas à fronteira croata. Parámos em Ston para ganhar novo fôlego e continuámos viagem até Dubrovnik. 

Dubrovnik: Chegámos à cidade ao fim da tarde e estacionámos o carro. Aqui decidimos ficar alojadas no centro histórico.  Assim que entrámos dentro da cidade muralhada ficámos logo deslumbradas e fascinadas. É dificil de explicar!

A cidade antiga de Dubrovnik é fascinante a todas as horas, seja vista de noite ou de dia, mas ter o primeiro contacto com ela de noite com luz artificial pouco agressiva é uma experiência absolutamente avassaladora: é amor à primeira vista. 
De dia a cidade transfigura-se cheia de turistas, pois vive nitidamente para o turismo. Existe gente por todo lado, tornando-se por vezes cansativo. Mas o charme da cidade consegue superar este excesso de gente. 
A cidade tem imensas coisas para ver e há que fazer opções. Aqui ficámos 2 dias e percorremos as suas ruas, ruelas, praças, e praçetas. Fizemos as suas muralhas a pé, que se revelou um passeio de 2km com vistas inesquecíveis sobre a cidade e os seus telhados e sobre o mar tranquilo e azul.

Kotor (Montenegro): De Dubrovnik até à fronteira com Montenegro não chegam a ser 40 km, por isso achámos que seria um desperdício não aproveitar a oportunidade de visitar um bocadinho desse país. Pegamos novamente no carro e atravessamos a fronteira para Montenegro, que foi tranquilo. Seguimos com destino a Kotor onde pernoitamos. A estrada até chegar lá é magnifica, sempre a contornar uma baía de um lado e um espectacular anfiteatro montanhoso do outro. 
Kotor, Património da Humanidade, é uma cidade muralhada com um castelo no topo da montanha. É uma cidade medieval pequena e muito bem preservada. Não circulam carros e é possível andar a passear distraidamente pelas suas ruelas labirinticas. 
Também é possível subir às muralhas que não é tarefa fácil, por isso é melhor fazê-lo de manhã cedo de forma a evitar o calor, mas vale a pena, pois de lá de cima a vista é incrível onde se avista o porto, as montanhas e a baía de águas verdes.
No dia seguinte, resolvemos rumar um pouco mais a sul, a cerca de 30 km, e visitámos Sveti Stefan, uma zona balnear lindíssima e muito popular entre o jet-set internacional desde há várias décadas. Apesar da distância curta, demorámos quase uma hora a chegar lá, pois a estrada continuou a ser cheia de curvas e contracurvas. Última paragem é uma visita rápida a Budva. Vítima do desenvolvimento turístico da área e da construção desenfreada, a cidade é algo incaracterística e a visita vale sobretudo pelo centro histórico, junto à marina. Apesar de menos interessante do que Kotor, merece ainda assim um passeio.
Regressámos a Dubrovink e terminámos a viagem com regresso a Lisboa. 

A Croácia é sem sombra de dúvida um país muito bom para viajar, com inúmeros locais de uma beleza fora de série, muita história e um património arquitectónico e cultural invejável. As pessoas não são as mais simpáticas do mundo, pois nalgumas delas ainda é possível ver alguns traumas de guerra, o que por vezes se poderá traduzir nalguma desconfiança. No entanto, existe um esforço da parte deles para tornar a nossa estadia o mais aprazível possível e isso é de agradecer.