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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Camino de Hierro



Mais uma escapadinha de fim de semana e desta vez o destino é a uma das zonas mais remotas de Portugal - Parque Natural do Douro Internacional em Freixo Espada à Cinta.

Fomos, mais uma vez, com a Borealis para um fim de semana de caminhada. Ficamos alojados num hotel em Freixo Espada à Cinta, a vila mais manuelina de Portugal, localizada em Trás-os-Montes, na área fronteiriça.

A vila tem alguns sítios interessantes para visitar mas como o tempo era escasso, apenas deu para fazer uma pequena caminhada pela vila e apreciar este excelente exemplo do que é o país profundo.

No 1º dia iniciámos a caminhada bem cedo pelo Parque Natural do Douro Internacional. O percurso é simplesmente fabuloso. Ao longo de todo o percurso vimos o rio Douro a correr por um vale profundo e escarpado que serve de fronteira natural entre Portugal e Espanha. Aqui encontramos um Douro selvagem encaixado entre esmagadoras arribas, às quais aves majestosas como o grifo, sobrevoam com muita naturalidade. É verdadeiramente espantosoA certa altura deixamos o rio e dirigimo-nos para as montanhas em direção à Calçada de Alpajares. Mais uma paisagem incrível. A caminhada foi longa mas as paisagens são bem versáteis e belas. 

No 2º dia fomos para o lado espanhol, a área protegida junto à fronteira natural do rio Douro que tem o nome de Parque Natural Arribes del Duero. O objetivo foi percorrer o Camino de Hierro - a Rota dos Túneis e Pontes, ou seja, a linha férrea abandonada do Douro que vai de La Fregeneda (Espanha) a Barca d’Alva (Portugal).

São os últimos 17 km da antiga, e atualmente abandonada, linha do Douro que unia Salamanca a Barca d’Alva e posteriormente ao Porto. Uma verdadeira obra-prima da engenharia industrial e ferroviária do ano 1887.

No inicio do trilho é-nos feita uma breve explicação das regras de conduta ao longo da caminhada e é nos entregue um colete fluorescente e uma lanterna para utilizar dentro dos túneis.

Ao longo do percurso do Camino de Hierro, atravessamos 20 túneis, o maior dos quais com quase 1600 metros de extensão, e 10 pontes metálicas, algumas bastante vertiginosas. 

É sem dúvida um extraordinário trilho pedestre, cujas paisagens são de cortar a respiração. O percurso faz-se sempre ao longo do rio Águeda até à sua foz no Douro. Pelo caminho vamos sempre acompanhar o vale magnifico do rio com escarpadas falésias que tornam a paisagem simplesmente magnifica.

Terminámos o percurso em Barca D'Alva, na ponte internacional sobre o rio Águeda, a última ponte do percurso e que serve de fronteira entre Portugal e Espanha. A meio da ponte existem duas placas que marcam a fronteira física e desta forma chegámos a Portugal! 

«Então é Portugal, hein?...Cheira bem». Disse Jacinto, no livro "A cidade e as Serras", de Eça de Queiroz, quando atravessou esta ponte e chegou a Portugal. Jacinto veio de Paris até Tormes através desta linha. 

O trilho apesar de ser plano é um pouco exigente, com poucas sombras e com um piso um pouco irregular. É necessário levar bastante água e comida, pois ao longo dos 17km não há sítios para comprar ou recolher água ou alimentos. O almoço pode-se fazer em qualquer parte do percurso, sobre uma ponte ou pelos terrenos com vegetação que vão aparecendo. O importante é não deixar qualquer vestígio de lixo.

Foi sem duvida, um trilho diferente de todos que já fiz e revelou-se uma experiência fantástica. Recomendo vivamente este destino de natureza.