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segunda-feira, 22 de junho de 2020

Viagem pela Estrada Nacional 2


Tal como prometido, chegaram as férias e chegou a hora de explorar melhor o nosso país. Fazê-lo em tempos de COVID-19 foi sem duvida uma experiência diferente pois tem que se respeitar sempre as medidas de segurança, no entanto, o desejo de voltar a algo que se assemelhe à normalidade é muito grande.

Nestas férias decidi percorrer de carro a Estrada Nacional 2. O entusiasmo era grande pois a estrada, dizem os entendidos, é mítica. Dizem que é 3ª maior estrada nacional do mundo!! Ela conta com 739 km e atravessa Portugal de norte a sul pelo seu maravilhoso interior, desde Chaves a Faro.

Parti então de Leiria em direção a Chaves, o quilómetro zero da estrada. Pelo caminho fiz uma paragem em Amarante para uma visita relâmpago, que valeu a pena, pois a cidade transpira charme.

Comecei em Chaves e percorri a estrada em 7 dias, a um ritmo lento, onde pude apreciar as paisagens, as aldeias e as vilas. Foi sem duvida uma oportunidade para visitar o interior do País e descobrir Portugal numa nova perspetiva.

Passei por vários distritos, serras e rios, o que por si revela a sua variedade.
Ao longo da rota fiz alguns desvios para visitar lugares que me foram sugeridos com algum interesse cultural ou paisagens inesquecíveis.
Quanto aos alojamentos, as ofertas são variadas, desde hotéis a alojamentos Airbnb. Sendo esta época particularmente especial, todos em que fiquei apresentaram regras de higiene e segurança o que me tranquilizou.

Roteiro:

1º dia
Chaves - Vidago - Pedras Salgadas - Vila Pouca de Aguiar - Lagoa do Alvão - Vila Real - Santa Maria de Penaguião - Miradouro São Leonardo da Galafura - Peso da Régua

Em Chaves visitei a cidade a pé, pelas suas ruas estreitas, revelando-se uma cidade pequena mas encantadora. Visitei o Castelo e subi a Torre de Menagem onde visitei o Museu Militar. Atravessei a Ponte de Trajano, a milenar ponte romana sobre o rio Tâmega e apreciei as vistas sobre o rio.
De seguida, iniciei a rota pela Estrada Nacional 2 rumo a Vidago, a localidade onde se encontra o histórico Vidago-Palace Hotel que, para minha tristeza, se encontrava fechado. Próxima paragem foi o Parque Termal de Pedras Salgadas, que também se encontrava fechado, no entanto, deu para andar pelo parque que é muito agradável.
Em Vila Pouca de Aguiar, fiz uma visita ao Castelo, que fica um pouco afastado da localidade e que também se encontrava fechado. Aí fiz um desvio para visitar a Lagoa do Alvão, que apresenta passadiços em volta da Lagoa, sendo um passeio bastante aprazível. Segui para Vila Real mas não parei e ao ir para Santa Maria de Penaguião fiz um desvio para o Miradouro São Leonardo de Galafura, que fica a 640m de altura. As vistas sobre o Douro Vinhateiro são soberbas e por isso vale a pena o desvio.
Terminei o dia em Peso da Régua, com um passeio pela ecopista ribeirinha onde dá para apreciar o rio Douro de perto. Aqui fiquei alojada no Hotel Columbano.

2º dia
Peso da Régua - Lamego - Serra de Montemuro - Castro Daire - Viseu - Tondela - Caldas de Sangemil

No segundo dia pela EN2 continuei pelas sinuosas estradas do Douro Vinhateiro que me levaram até Lamego. Aí visitei a Sé Catedral e os seus claustros e de seguida subi a escadaria infindável do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios. Segui em rumo a Castro Daire, mas pelo caminho fiz um desvio para visitar a Serra de Montemuro, cuja estrada até lá tem paisagens super cénicas. Passei ao lado de Castro Daire e de Viseu, perdendo muitas vezes a vista aos marcos da EN2 tornando-se confuso. Segui até Tondela e fiz um desvio até às Caldas de Sangemil, onde pernoitei no Hotel Beira Dão, situado no Vale do Rio Dão, justamente na praia fluvial de Caldas de Sangemil. Um local muito agradável e tranquilo, onde deu para terminar o dia apreciar o rio Dão.

3º dia
Caldas de Sandgemil - Santa Comba Dão - Barragem da Aguieira - Penacova - Góis - Pedrógão Grande

Parti em direção a Tondela, passando de seguida ao lado de Santa Comba Dão. Aqui o troço até Penacova torna-se novamente confuso, devido à IP3 e perdemos por momentos a EN2 de vista. Passei pela Albufeira da Barragem da Aguieira e pela Livraria do Mondego. Segui para a zona que me é bastante familiar, pela proximidade a casa, ou seja, de Penacova a Góis. Na vila de Góis, visitei o monumento mais emblemático - a Ponte Real - junto à Praia Fluvial da Peneda, que se encontrava interdita a banhos por causa do COVID. De Góis a EN2 segue em direção a Pedrogão Grande e pelo caminho fiz um pequeno desvio para visitar algumas Aldeias do Xisto da Serra da Lousã - Aigra Nova e Aigra Velha. A estrada até Pedrógão Grande é bastante agradável com vistas espetaculares da Serra da Lousã. Já em Pedrogão Grande passei na bonita Albufeira da Barragem de Cabril e aí pernoitei no Hotel da Montanha com uma vista fabulosa para esta albufeira.

4º dia
Pedrogão Grande - Pedrogão Pequeno - Sertã - Dornes - Centro Geodésico - Vila de Rei - Abrantes

Primeira visita do dia foi em Pedrogão Pequeno, à sua Ponte Filipina sobre o rio Zêzere, onde tive que fazer uma pequena caminhada para a conhecer, mas valeu a pena.
Segui para a Sertã, uma vila pacata, onde fiz uma paragem no seu jardim, junto ao rio e visitei também a sua Ponte Filipina. Aqui a estrada segue para sul, mas eu fiz um desvio até Dornes, a aldeia templária, que há muito tempo queria conhecer. Chegada à aldeia, constatei que esta é muito pequena, mas com muito charme. Visitei a praia fluvial, e a sua conhecida Igreja, mas não entrei por estar a decorrer a missa. O que há a realçar nesta pequena aldeia é a sua tranquilidade.
Despedi-me de Dornes e segui o caminho de volta até a EN2 rumo ao Centro Geodésico de Portugal, que assinala, com pompa e circunstância, o Centro de Portugal. Daqui as vistas são longínquas e conseguimos avistar a Serra da Estrela. Segui a EN2 e passei ao lado de Vila de Rei até Abrantes, onde terminei o dia. Aqui visitei a parte antiga da cidade a pé. O ponto alto da visita foi o passeio pelo jardim do castelo e as vistas sobre o rio Tejo. Nesta cidade arrendei uma casa muito agradável no centro histórico - A Casa da Barca.

5º dia
Abrantes - Ponte de Sor - Galveias - Avis - Parque Ecológico do Gameiro - Montargil

Abrantes visitada é hora de atravessar o rio Tejo e seguir em direção a Ponte de Sor. Aqui a paisagem muda drasticamente e começam as extensas planícies alentejanas. Depois desta cidade fiz um desvio da EN2 e segui até as Galveias. Pequena aldeia alentejana que é muito querida à minha mãe e por isso fiz questão de a visitar. Seguiu-se a vila de Avis, onde fiz uma visita ao seu castelo, que se encontra praticamente em ruínas. Uma pena!!
Ao longo da estrada torna-se bastante apetecível fazer uma paragem para um pic-nic nas planícies, no entanto, a realidade é que essa ideia poderá tornar-se bastante desagradável pela quantidade de mosquitos!!
Próxima paragem foi o Parque Ecológico do Gameiro, um sitio bem agradável com uma praia fluvial, onde fiz uma paragem para descansar e tomar um refresco. A estadia desta vez foi em Montargil, no Monte da Granja Nova, uma herdade com vários alojamentos, bastante agradável para terminar o dia.

6º dia
Montargil - Barragem de Montargil - Mora - Brotas - Ciborro - Montemor-o-Novo - Santiago do Escoural - Anta de São Brissos - Alcáçovas - Torrão - Ferreira do Alentejo

Fui conhecer a albufeira da Barragem de Montargil que fica paralela à EN2. De seguida passei por Mora, Brotas, Ciborro, parando apenas em Montemor-o-Novo. Nesta cidade aproveitei para visitar o Castelo de Montemor, que a julgar pelo que resta, deveria ser um castelo bastante imponente.
Aproveitei e almocei pela cidade. De Montemor-o-Novo avancei em direção a Santiago do Escoural e aí fiz um desvio para a Anta de São Brissos. Trata-se de uma anta primitiva que foi transformada em capela, mas que se encontrava fechada.
Regressei à EN2, em direção a Alcáçovas onde queria visitar o Paço dos Henriques, mas que também se encontrava fechado.
Segui para Torrão e terminei o dia em Ferreira do Alentejo. Aproveitei para jantar nesta vila e pernoitei no Monte Chalaça.

7º dia
Ferreira do Alentejo - Ervidel - Aljustrel - Castro Daire - Almodôvar - Ameixial - São Brás de Alportel - Estoi - Faro

Logo pela manha, após o pequeno-almoço fui surpreendida com uma experiencia rural, que consistiu em fazer uma visita à quinta dos animais do monte. Segui depois pela EN2 para fazer o último troço da estrada. Passei por Ervidel e Aljustrel, sem parar. A paragem foi na vila de Castro Verde, onde visitei a imponente Basílica Real da Nossa Senhora da Conceição e o Museu da Lucerna, que se encontrava fechado.
Retomei a EN2 em direção a Almodôvar e entretanto inicio a viagem vertiginosa pela Serra do Caldeirão. Passo pelo Ameixial e São Brás de Alportel, entrando assim no Algarve, em curva contra-curva, mas com uma paisagem magnifica da serra.
Já no Algarve, faço uma paragem em Estoi, para visitar as ruínas de Milreu e o charmoso Palácio de Estoi que para minha tristeza se encontravam fechados!!
Chegada a Faro, o último destino da rota, fui à rotunda onde fica o último marco da Estrada Nacional 2 que marca o km 738.
Terminei assim a estrada mítica e aproveitei para ficar aqui uns dias a descansar da viagem.
Foi sem duvida uma viagem inesquecível, pois é uma estrada surpreendente, com uma variedade de paisagens impressionante, onde ainda é possível visualizar o Portugal genuíno com um património riquíssimo, conferindo-lhe a sua identidade única, muitas vezes esquecida e ostracizada.

No entanto, por vezes senti algumas dificuldades, pois a sinalização da estrada está longe de ser a melhor. Ao longo do percurso vamos encontrando os famosos marcos de EN2, mas existem secções em que a estrada e os marcos desaparecem. Por isso aconselho fazer a estrada com GPS.

Viajar em tempos de pandemia foi uma experiência diferente pois a máscara e o desinfetante gel fizeram sempre parte da minha indumentária, mas em todos os locais onde estive houve sempre segurança sem aglomerados de pessoas.