Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Viagem ao Sri Lanka


Apesar dos últimos acontecimentos trágicos no Sri Lanka, decidimos arriscar e visitá-lo, pois era um destino já há muito desejado. E o que verificamos é que o país vive com alguns receios mas segue com a sua vida regular.

O nosso roteiro de viagem incluiu os destinos que fazem parte da rota normalmente calcorreada pelos turistas independentes.
Em 19 dias percorremos o Sri Lanka no sentido dos ponteiros do relógio – ou seja, primeiro o Triângulo Cultural (mais a norte) e depois as praias da costa sul.

1. Colombo 

Aterrámos no Aeroporto Internacional Bandaranaike, que fica a mais ou menos 30 km de Colombo e dali fomos para a capital.
Optamos apenas por pernoitar lá, pois regressaríamos no ultimo dia com mais calma para a visitar. 
No dia seguinte, partimos de autocarro com AC para Kandy. Uma viagem alucinante mas sem percalços. Aliás todas as viagens de autocarro foram alucinantes mas sem consequências, por isso a certa altura deixamos de olhar...!!!

2. Kandy
Chegámos a Kandy e abateu-se um diluvio durante o inicio da nossa visita à cidade que foi desmoralizador. Mas rapidamente desvaneceu-se e aproveitamos para visitar o Lago e o complexo de museus, nomeadamente o Museu Internacional do Budismo. 
Ao fim da tarde, entramos no Templo do Dente Sagrado, local de peregrinação por albergar o dente do Buda. Aqui assistimos à cerimónia e vimos os crentes em oração e a entregar as suas oferendas de flores e arroz.

No dia seguinte partimos para norte em direcção a Dambulla, num autocarro com AC porque ninguém aguenta este calor e esta humidade.

3. Dambulla
Ficamos aqui 4 noites e f
izemos de Dambulla a nossa cidade base para visitar o Triângulo Cultural. 

No 1º dia visitamos as magníficas grutas de Dambulla, incluídas na lista de Património da Humanidade do Sri Lanka. As grutas estão situadas dentro de uma enorme rocha e têm no seu interior inúmeras estátuas de Buda e impressionantes frescos no tecto. 

4. Annuradhapura
2º dia e apanhámos um autocarro para visitar a cidade antiga de Annuradhapura. Foi 
a primeira capital do Sri Lanka, fundada há 5000 anos e está classificada como Património da Humanidade pela UNESCO.
Já lá combinamos um preço com um condutor de tuk tuk que nos conduziu pelo complexo.
Durante a visita aos templos tivemos que nos descalçar inúmeras vezes. Algo muito comum na visita a todos os templos neste país, por isso um conselho prático é levar meias, pois por vezes o chão está tão quente que queimamos os pés. 
Contudo, apesar do chão abrasador, durante a visita houve mais um diluvio e acabamos por optar em andar descalças o resto do tempo.  

5. Polonnaruwa
3º dia em Dambulla e apanhamos um autocarro para Polonnaruwa, com o objectivo de conhecer a cidade antiga reconhecida também como Património Mundial Da UNESCO. 
Lá alugámos umas bicicletas e visitamos todo o complexo arqueológico que durou a maior parte do dia. Foi uma visita fascinante onde vimos monumentos e templos milenares. 
Tivemos sorte com o tempo porque apenas chuviscou um pouco, que nem fez mossa.

6. Sigiriya
4º e último dia. Saimos de Dambulla e f
omos de tuk-tuk para Sigiriya. 
Este foi um dia cansativo mas magnífico. Foi sem duvida um dos momentos altos da viagem.

Compramos o bilhete no local. Este não é propriamente barato (30$) mas vale a pena. 

A temperatura estava ideal para caminhar e fizemos a subida de toda a escadaria pela rocha rumo à antiga fortaleza no topo. Reza a teoria mais consensual que o Rei Kashyapa do Sri Lanka mandou construir aqui o seu palácio real, no século 5 A.D.
A subida é esgotante mas vale a pena, pois as ruínas do topo e a paisagem em redor são magnificas!

A seguir à visita a Sigiriya, aproveitamos e subimos ao topo da rocha que tem a melhor vista sobre a fortaleza - Pidurangala Rock. 
Pidurangala é uma formação rochosa impressionante, localizada a pouquíssimos quilómetros de Sigiriya. A primeira parte do trilho é feita através de uma escadaria irregular mas que é fácil. A segunda (e última) parte da subida, é muito exigente. Não há trilho e é preciso escalar rochas graníticas, mas o esforço compensa. Lá em cima, a vista é magnífica. De um lado, a rocha de Sigiriya envolta em selva e em todo o resto, kms e kms de vegetação abundante, de natureza no seu estado puro.  

Da parte da tarde, tivemos outra aventura fascinante. Aceitamos a sugestão e fizemos um safari no Parque Nacional de Minneriya. Fomos de jipe para o parque, as únicas duas no jipe, e ao longo do passeio vimos inúmeras manadas de elefantes andar em liberdade pela imensa planície. Que experiência fantástica!!

7. Kandy
Saímos de Dambulla e regressámos a Kandy de autocarro.
Desta vez, como já conhecíamos a cidade, aproveitamos para relaxar e andar pela cidade sem pressas. E desta vez sem chuva! Fomos conhecer o mercado local e algumas lojas.

O dia seguinte foi dedicado à mais famosa viagem de comboio do Sri Lanka. Apanhámos o comboio em direcção a Nuwara Eliya e fomos em 2ª classe com lugares reservados.
A viagem é conhecida pelas suas paisagens deslumbrantes e são sem duvida alguma. A certa altura na viagem, aparecem belíssimas montanhas verdes com infindáveis plantações de chá. É possível durante a viagem sentarmo-nos na porta do comboio e ver de mais perto a vista fabulosa.

8. Nuwara Eliya
Chegamos a Nuwara Eliya, denominada por Little England, fruto da influência britânica que, ainda hoje, é possível observar na cidade.
Aqui ficámos 2 noites. Durante a nossa estadia na cidade a chuva esteve sempre presente.
Já munidas de um chapéu de chuva fizemos a visita ao Grand Hotel onde fomos tomar o Afternoon Tea, que foi surpreendente.

No 2º dia visitámos o Parque Nacional de Horton Plains onde fizemos uma caminhada de 9 km. A caminhada é relativamente fácil, onde passamos por vários tipos de paisagens. O ponto alto da caminhada é a vista do World´s End e também da cascata de Baker´s Falls. 

Nesse mesmo dia visitámos também as Ramboda Falls e fizemos uma visita a uma fábrica de chá - Blue Field, pois esta região é onde está a maior produção e a melhor qualidade de chá do Sri Lanka. Participamos numa visita guiada para conhecer as instalações e todo o processo de produção de chá. Valeu a pena. No final ainda tivemos direito a uma prova de chá.

No dia seguinte, fizemos a ultima parte da 
famosa viagem de comboio do Sri Lanka, Nuwara Eliya - Ella que apesar de ser de sonho para muitos, para nós diria que foi a viagem pesadelo. 
Para além de o comboio se ter atrasado horas, o dia estava chuvoso e nublado, a meio da viagem tivemos que sair do comboio, no meio de plantações de chá, sem plataforma, o que implicou um salto gigantesco pela vida. Com o dia já a escurecer, sem qualquer luz eléctrica, trocámos para outro comboio, guiadas pelas lanternas dos telemóveis e fizemos o resto da viagem para Ella. Ou seja, nem sequer vislumbramos a paisagem tão idílica que tantos falam. Mas o que interessa é sobreviver!!

9. Ella
Chegámos a Ella já de noite e a chover.

No 1º dia em Ella visitámos o Little Adam’s Peak que é um trilho completamente plano, largo e em terra batida e que corre por entre as plantações de chá. Vale pela vista no topo. Uma vista de 360° sobre as montanhas, plantações de chá e vales de Ella.
De seguida, fomos por um trilho que nos levou à chamada Ponte dos 9 Arcos (Nine Arch Bridges). A certa altura chegámos a um miradouro transformado em tasco. Aí ficamos a tomar um sumo de fruta à espera da passagem do comboio, pois realmente a vista é privilegiada. Depois de muitas fotos e vídeos o comboio passou e descemos até à ponte.
Da ponte fomos a pé para Ella pelo caminho de ferro, a rezar para que o comboio não passasse. E não passou...

No 2º dia fomos visitar Ella Rock, que implicou uma caminhada e subida com algum esforço. O trilho a seguir, praticamente, não está definido o que nos deixou um bocadinho hesitantes, mas acabamos por encontrá-lo, e seguimos até o topo. A vista do topo é novamente feita de verdes colinas e de muito muito verde.
Da parte da tarde começou um dilúvio de proporções quase Bíblicas o que provocou o fecho da estrada por onde queríamos seguir viagem. Desta forma tivemos que alterar os planos e no dia seguinte apanhar um comboio e 2 autocarros públicos que demoraram uma eternidade para chegar a Tangalle.

10. Tangalle
Entre as dezenas e dezenas de praias existentes, escolhemos Tangalle para ficar.
Não tivemos grande sorte com o tempo pois choveu o tempo todo que lá tivemos. 
O alojamento onde ficamos estava situado mesmo em frente à praia, verdadeiramente paradisíaco, o que foi desolador por não haver nem uma nesga de sol para poder dar um pequeno mergulho no mar!!
Aproveitamos o tempo para descansar e relaxar.


11. Mirissa
No dia seguinte fomos de autocarro para Mirissa, conhecida pela praia dos surfistas. Aqui vimos muitos turistas ocidentais. O local respira todo um ambiente muito descontraído.


No 2º dia, o tempo começou a ficar melhor e deu para ir à praia. Aproveitamos o bom tempo e almoçamos 
numa esplanada directamente sobre a praia.

12. Galle 
Partimos para Galle de autocarro. 
Lá ficamos alojadas dentro do forte o que deu para explorar a pé o que a UNESCO classifica como Património da Humanidade. 
Foi em 1505 que Lourenço de Almeida chegou à Taprobana “por mares nunca dantes navegados”e as gentes de Galle, quando dizemos que somos portuguesas vão-nos lembrando destes feitos. A presença portuguesa aqui ainda é recordada.
Andar pelas ruas do forte é um encanto onde vimos casas coloniais, lojas, restaurantes e hotéis com muito bom aspecto e muito charme!!

No dia seguinte já contamos com o sol e passamos o dia na praia de Unawatuna, o que foi incrível. Foi um dia de
dolce far niente, entre mergulhos e deitadas ao sol nas espreguiçadeiras.

No dia seguinte, apanhamos o comboio para Colombo que segue sempre junto à costa tornando-se uma viagem interessante.

13. Colombo 
Regressamos à capital. Durante a tarde aproveitamos para explorar a cidade. Visitamos o templo budista Gangaramaya (que vale a pena a visita), o Beira Lake (“Beira” ainda do tempo dos portugueses) e passeamos pelo Viharamahadevi parque
Depois seguimos para a zona do Forte de Colombo, onde terminamos o dia no Dutch Hospital, que agora é uma zona com lojas e cafés trendy
Regressamos ao hotel e terminamos assim o nosso roteiro pelo Sri Lanka.


Apesar dos problemas de segurança que afectaram o Sri Lanka, o país continua a ser um extraordinário destino de viagem. 
É um país limpo, arrumado, com gente simpática, humilde e hospitaleira, cheio de paisagens maravilhosas, onde o verde domina completamente a paisagem, praias com coqueiros, dignas de postal e templos coloridos. 

É muito fácil deslocarmo-nos pelo país por nossa conta, pois os autocarros são baratíssimos e percorrem todo o país, apesar de demorarem uma eternidade.
Ao longo de toda a viagem cruzamo-nos com turistas de todos os tipos – de mochileiros à chique mulher russa, passando por casais com filhos pequenos e viajantes maduros.
Sri Lanka é sem duvida um destino a conhecer.