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terça-feira, 16 de abril de 2024

À Descoberta de Marrocos



Conhecer Marrocos é inevitável pela proximidade e pela sua diversidade cultural. Ainda não tinha surgido a oportunidade de fazê-lo mas desta vez não me escapou. O país passou por um sismo há cerca de seis meses e que causou muitas mortes e muitos estragos, no entanto, decidi que estava na hora de ir conhecê-lo. 
 
Desta vez, viajei num registo diferente, pois viajei sozinha mas juntei-me a um grupo de desconhecidos numa viagem organizada pelo João Leitão, cujo roteiro e o preço proposto me agradou. 
A verdade é que esta opção é cada vez mais frequente, pois o mundo moderno oferece mil possibilidades para que as pessoas não deixem de viajar por falta de companhia.

Assim, comprei os meus voos e segui as indicações do grupo. É uma forma diferente de viajar da que estou habituada, pois a organização não está dependente de mim. Diria que tem prós e contras, pois perdemos a nossa autonomia mas ganhámos noutros aspetos.

Foi uma semana a percorrer vários pontos do país que foi sempre surpreendendo-me. A chegada e a partida foi de Marraquexe.

Dia 1: Marraquexe
Dia 2: Marraquexe
Dia 3: Marraquexe, Atlas, Ait Benhaddou, Ouarzazate
Dia 4: Ouarzazate, Dunas de Erg Chebbi
Dia 5: Dunas de Erg Chebbi, Gorges do Todra, Ouarzazate
Dia 6: Ouarzazate, Estudios de Cinema Atlas, Marraquexe
Dia 7: Marraquexe


Marraquexe
Cheguei ao aeroporto de Marraquexe e tive transfer para a cidade, que me levou para o Riad Luzia, o meu alojamento em Marraquexe. Os riades são as casas marroquinas tradicionais, caracterizadas por um pátio interno para o qual se abrem as portas e janelas das várias divisões da casa. Ficar num riade é sem dúvida uma experiência mais personalizada e cultural.

Marraquexe é uma cidade obrigatória para se visitar, pois é moderna e cheia de vida. Tudo se concentra dentro da Medina, ou seja, a cidade muralhada, com vários locais de interesse para visitar.

Visitei o Palácio Bahia e a Madrassa Ben Youssef com um guia o que foi muito útil, pois aprende-se sempre muito mais.

Depois dos sítios visitados o ideal é deixar-nos levar e vaguear pelos souks e pela Praça Jemaa el-Fnaa.

Andar pelos souks no inicio poderá parecer um pouco intimidativo, ainda para mais sozinha, pois é um emaranhado de corredores labirínticos, vielas e becos, cheios de vendedores a tentar vender alguma coisa. No entanto, fi-lo várias vezes sozinha e claro que fui abordada, mas correu sempre muito tranquilamente, pois se não queria algo, dizia que não e seguia em frente, sem qualquer problema.

Outro ponto principal da cidade é a Praça Jemaa el-Fnaa onde tudo acontece. Durante o dia é uma zona de vendedores de fruta e de frutos secos, com encantadores de serpente, domadores de macacos, tatuadoras de hena… tudo acontece. Vale a pena ficar na praça até ao anoitecer, pois esta transforma-se num restaurante a céu aberto. Eu aproveitei para beber um chá de menta e assistir ao pôr do sol no Cafe Glacier.

Nas imediações da praça fica a Mesquita Koutobia com o seu minarete que também vale a pena ver mas só por fora pois não podemos entrar.

No regresso a Marraquexe tive ainda a oportunidade de fazer mais umas visitas e escolhi os túmulos saadianos, onde estão os mausoléus do sultão e sua família, com uma decoração elaborada e materiais luxuosos.

No dia seguinte, iniciámos a viagem pelo país com o nosso guia "Hicham", que ao longo da viagem foi nos falando do seu país e da sua cultura, tanto árabe como berbere. 

O primeiro destino, logo a seguir a Marraquexe, foi cruzar a Cordilheira do Atlas por um caminho bastante sinuoso e por vezes estreito, mas que vale a pena pelas vistas magnificas das imponentes montanhas, cujos cumes ainda tinham neve.

A viagem de Marraquexe até Ouzazarte é uma viagem longa mas espetacular. Percorremos vales e montanhas, oásis de palmeiras, figueiras e amendoeiras e perdemos a conta ao número de “kasbah” (casas fortaleza) que vimos.

Pelo caminho parámos em Ait Benhaddou, uma “cidade fortificada” impressionante pela sua arquitetura tradicional, com as suas casas construídas em adobe e por isso considerada Património da Humanidade pela UNESCO. Foi um local importante na rota das antigas caravanas entre o Sahara e Marraquexe. Hoje em dia tornou-se mundialmente conhecido devido à série Guerra dos Tronos, que aqui foi filmada.


Ouarzazate
Chegámos a Ouarzazate de noite. Esta cidade é conhecida por ser a porta para o deserto e por isso ficámos aqui alojados no Riad Dar Rita.

Passámos 2 vezes pela cidade. A 1ª vez foi apenas para dormir, antes da nossa entrada no deserto.
Na segunda passagem aproveitamos para conhecer um pouco da cidade e fomos admirar de longe o edifício histórico da cidade, o Kasbah Taourirt.


Vale do Draa
A caminho do deserto passamos por locais fascinantes como o vale do Draa com fascinantes desfiladeiros. Fizemos uma paragem no miradouro do Canyon de Tizi-n-Tinififft onde a vista é esplêndida.
Depois do Canyon a estrada passa pela pequena cidade de Agdz, onde encontramos locais a fazerem uma festa pelo fim do Ramadão e claro que nos juntámos a eles.
De seguida, continuamos a viagem e à tarde fizemos outra paragem na cidade de Rissani que fomos conhecer e que mais uma vez estava em festa pelo fim do Ramadão.

Dunas de Erg Chebbi
Já quase ao fim do dia chegámos ao Deserto do Saara marroquino, bem perto da fronteira com a Argélia. Assim que chegámos, cada um subiu um camelo, que se encontravam todos amarrados uns aos outros em fila, puxados por um berbere. 

Percorremos as dunas ao pôr-do-sol o que foi uma experiência maravilhosa. Estas dunas são maravilhosas. Já andar de camelo é um pouco desconfortável pois é muito alto e balança muito enquanto sobe e desce as dunas, mas vale a pena a experiência.
Começou a anoitecer e a festa começou. Tivemos direito a jantar e a música berbere. Foi uma bela noite de convívio com um céu completamente estrelado, algo único e difícil de encontrar noutro lugar do planeta.
Ficámos a pernoitar num acampamento, onde dormimos em tendas, devidamente adaptadas e com muito conforto.
O dia seguinte começou cedo, pois acordamos as 5 da manhã para assistir ao nascer do sol. Aqui 
reina o silêncio com dunas alaranjadas gigantescas, a perder de vista por todos os lados, tornando a paisagem incrível e o momento mágico. Foi mais uma experiência surpreendente e fascinante.

Gorges do Todra
No dia seguinte, no regresso a Ouarzazate, passámos por Tinghir, conhecida pelo seu magnífico palmeiral e pelo famoso desfiladeiro das Gargantas do Todra.
Nas Gargantas do Todra, fizemos uma pequena caminhada ao longo do rio Todra e apreciámos a imponência e beleza do desfiladeiro. Foi um local muito agradável e surpreendente.


Estúdios de Cinema Atlas
Ao sair de Ouarzazate passámos pelos Estúdios de Cinema Atlas que fomos visitar. Tivemos direito a um guia que nos apresentou os vários cenários, onde já foram rodados inúmeros filmes, entre os quais “Um chá no deserto”, “Lawrence da Arábia”, “Babel”, “Asterix e Obelix: missão Cleópatra” e o “Gladiador”.


Depois de um longo dia de viagem, regressámos a Marraquexe já de noite e aproveitamos para irmos conviver e ver o pôr-do-sol num rooftop. Jantámos todos juntos no restaurante Dar Essalam, com direito a espetáculo e dança marroquina, o que também foi uma experiência inesquecível.

Resumindo, foram uma férias diferentes e bastante agradáveis. Conhecer Marrocos foi um encanto, pois é um país com uma rica história e cultura. Percorremos muito quilómetros de van e as viagens foram muito longas mas as paisagens ao longo do caminho foram fantásticas, permitindo-nos ter uma visão mais autêntica do país. Surpreendeu-me pela positiva, pois é um país relativamente moderno e limpo, com estradas transitáveis e muito fácil de comunicar, pois quase todos falam espanhol.

Não é a primeira vez que viajo a um país árabe e muçulmano, no entanto, foi a primeira vez que viajei durante o período do Ramadão o que se revelou uma experiência de viagem diferente e interessante. Diria que a viagem não sofreu grandes alterações por este motivo, mas notei algumas alterações nos horários, nomeadamente dos restaurantes, pois havia uma hora especifica que os restaurantes não serviam refeições e as lojas fechavam mais cedo, deixando as ruas à noite mais vazias.
Experienciei também o fim do Ramadão o que se traduziu numa festa gigante e aí sim notei o grande impacto que este período tem na vida dos muçulmanos.

Em relação à comida, também foi uma bela experiência, pois aqui o couscous é rei, sendo a tajine e a pastilla outros dos pratos típicos do país que não podia deixar de provar.

Em relação ao terramoto de Setembro de 2022, este deixou alguns vestígios mas nada que assombrasse a nossa visita, pois a reconstrução do país segue o seu andamento natural.

segunda-feira, 18 de março de 2024

Dois dias em Guimarães



Nada melhor que uma escapadinha a Guimarães - a cidade berço da nacionalidade portuguesa.
Aproveitei a companhia da amiga Adriana para ir conhecer esta cidade considerada Património Mundial pela UNESCO.

Foram 2 dias a explorar esta bela cidade. Tudo começou no Largo do Toural, onde está a Torre da Alfândega com o famoso letreiro “Aqui nasceu Portugal”. Daí embrenhei-me pelas ruelas estreitas da cidade e conheci os seus monumentos medievais, o seu centro histórico com as suas praças e igrejas. É sem dúvida uma das cidades mais charmosas e aconchegantes de Portugal.

Subi a colina sagrada e visitei o Castelo, apenas por fora pois encontrava-se em obras de restauro, o Paço dos Duques de Bragança, onde passei a maior parte do tempo e a Igreja de São Miguel do Castelo.

Para mim, visitar o Paço dos Duques foi o momento alto da viagem, pois há muito tempo que queria visitar este sitio. A arquitetura robusta do paço com as suas janelas e as numerosas chaminés tornam-no único em Portugal. Adorei visitar os seus belos salões com os seus tetos de madeira e a capela com uma estrutura em madeira deslumbrante. Fiquei rendida!!

No 2º dia aproveitei para visitar o Centro Internacional de José Guimarães e a Casa da Memória.

O edifício do CIAJG por si só já é interessante pois trata-se de um edifício moderno inspirado em Le Corbusier e Mies van der Rohe. O seu interior conserva um acervo de três coleções que José de Guimarães reuniu ao longo dos anos: Arte Africana, Arte Pré-Colombiana e Arte Antiga Chinesa. Existem também obras do próprio artista, como de outros artistas contemporâneos em estilos variados, como popular, religioso e arqueológico. Foi uma visita interessante!

A Casa da Memória transformou uma fábrica desativada num lugar de memórias da cidade. Neste museu expõe-se a cultura, o território e a história de Guimarães. Gostei particularmente deste espaço, pois teve a ajuda dos moradores para construir a coleção e aqui ficámos a conhecer um pouco de tudo a que a Guimarães diz respeito.

Foi sem dúvida uma bela escapadinha ao berço de Portugal.