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sexta-feira, 2 de abril de 2021

Ser Enfermeira em tempos de pandemia



Termino com orgulho a minha missão enquanto Enfermeira na linha da frente no combate ao coronavírus.

Foi um inicio de ano muito complicado. Habitualmente, começamos o novo ano cheios de esperança e com novos projetos em mente. Pois este ano, não foi diferente, contudo a situação pandémica em Portugal, veio alterar esses planos e esperança, pois evoluiu desfavoravelmente tornando-se catastrófica. 
Depois de um Natal e fim de ano, com poucas medidas restritivas, passámos de milagre a pesadelo em poucos meses.

Diariamente, os noticiários debitavam números de infetados e de mortes pelo COVID-19, colocando Portugal no centro das noticias internacionais, pelos piores motivos.

Perante este tsunami de número de pessoas infetadas e a consequente e expectável sobrelotação das unidades hospitalares, aumentava a minha 
angústia perante toda esta situação, assim como uma enorme sensação de impotência. 
Apesar de trabalhar numa urgência pediátrica, esta encontrava-se mais ou menos calma, sem grande afluência, tornando o meu desejo de ajudar ainda maior, no entanto, não sabia como. 
Um dia em janeiro, surge o apelo da enfermeira diretora do centro hospitalar onde trabalho, a pedir enfermeiros para a linha da frente. Resolvi voluntariar-me imediatamente. 

Já com a 1ª dose da vacina fui, nas minhas folgas, ajudar sempre que podia, na urgência dos covões, uma urgência dedicada a doentes COVID-19, cuja afluência era brutal, com dezenas de ambulâncias em fila, à porta.

Como enfermeira, foi sem duvida, uma das batalhas mais duras de que tenho memória.

Dos meus 19 anos de experiência, sempre em pediatria, de repente, vi-me perante um mundo assustador. O stress em cada turno era sufocante, os turnos eram de uma pressão avassaladora. Estávamos no pico dos picos.  
O desespero de não conseguir ajudar adequadamente os doentes, pelo número elevado de doentes e de trabalho, era enorme. Sair de um turno com esta sensação era angustiante e devastador. 

Ninguém sai de uma situação destas igual. Existem olhares que jamais vou esquecer...

No entanto, termino esta minha missão, orgulhosa de mim mesma, pois por muito pouco que tenha conseguido fazer, sinto que ajudei o melhor que pude, dentro das condições exigidas.

Felizmente, agora o número de contágios e mortes pela COVID-19 é muito menor e lentamente as restrições vão sendo levantadas. Devagarinho vamos retomando as nossas vidas.

Contudo, não podemos esquecer que temos que continuar a fazer de tudo, para impedir a propagação desta nova infeção. E o tudo é muito simples!!! É fazer o básico: manter a distância uns dos outros, usar sempre máscara, lavar ou desinfetar sempre as mãos. Basta que cada um faça a sua parte.

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